Quando ouço uma música e me identifico demais com ela, fico repetindo-a no meu fone, milhares de vezes, o dia todo, durante vários dias e ainda assim me parece que nunca ficarei satisfeita.
Está acontecendo isso. Bem agora.
Eu tenho fases musicais. “
Fases muito bem definidas, devo acrescentar”, diria a minha irmã.
Quando estou para ouvir Dave Matthews, ouço SÓ Dave Matthews.
Quando é a vez do Counting Crows, é SÓ Counting Crows.
The Cranberries, Coldplay, Teatro Mágico, Ludov, tudo sem concorrência durante certo período.
Neste exato momento me encontro na fase
Los Hermanos (os mais chegados já devem ter percebido, ok?)
E hoje a música que está fazendo minha cabeça e minhas lágrimas é “
O Velho e o Moço”.
Logo mais chego em casa e vou fazê-la aparecer no meu violão.
O Velho e o Moço – Rodrigo AmaranteDeixo tudo assim
Não me importo em ver
a idade em mim,
ouço o que convém.
Eu gosto é do gasto.
Sei do incômodo
e ela tem razão
quando vem dizer
que eu preciso sim
de todo o cuidado.
E se eu fosse
o primeiro a voltar
pra mudar o que eu fiz,
quem então agora eu seria?
Tanto faz
[Não importa mais]*
que o que não foi não é.
[E o que eu não fui eu não vou ser]
Eu sei que ainda vou voltar...
[Da próxima vez não vou deixar]
mas eu quem será?
[a vida passar.]
Deixo tudo assim,
não me acanho em ver
vaidade em mim.
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.
Sei do escândalo
e eles têm razão
quando vêm dizer
que eu não sei medir
nem tempo e nem medo.
E se eu for
o primeiro a prever
e poder desistir
do que for dar errado?
Ah, ora, se não sou eu quem mais
vai decidir o que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!
Ah, se o que eu sou é também
o que eu escolhi ser
aceito a condição.
Vou levando assim
que o acaso é amigo
do meu coração
quando fala comigo,
quando eu sei ouvir...
* Entre chaves está uma versão rara do primeiro refrão, que o Amarante canta numa gravação que eu ganhei de alguém.