terça-feira, janeiro 24

Doce Vida - A hora do almoço

Então a farmácia homeopática tem o óleo de andiroba recomendado pela Jujuba. Fica perto, apenas uns quarteirões daqui - resolvo ir andando antes de passar em casa pra almoçar.

No caminho, vejo que a passagem subterrânea finalmente foi reformada - e me dá aquela sensação estranha de que eu deveria estar satisfeita, mas não estou. Fizeram uma boa limpeza, colocaram corrimão na escada que dá acesso à rua, e fizeram iluminação embutida no chão - boas medidas, que trazem segurança pras pessoas, mas gente, tudo tão feio, com tanta falta de capricho, dá uma tristeza. Não que eu seja a favor de usar dinheiro público pra obras faraônicas ou pra delírios arquitetônicos, muito pelo contrário. Acho o cúmulo essas estações monstruosas de metrô que precisam desapropriar quase um bairro inteiro para serem construídas, cheias de granito e mármore, abomino o gasto com decoração cafona de natal em espaços públicos, mas assim... só porque é uma passagem usada por uma população menos favorecida, o serviço tinha que ser tão mal feito? O chão foi quebrado pra embutir a tal da iluminação, e depois cimentado por cima, ficou o piso velho, todo cheio de remendos de cimento no meio, uma coisa horrível. O corrimão, de má qualidade, aparafusado no chão, sem acabamento, sem pintura... custava usar um material um pouco melhor, fazer o serviço direito? Tá, ok, o principal é que agora a passagem está iluminada, tem segurança, mas poxa vida... vamos sempre continuar tratando pobres como gado nesse país? Um arrematezinho ia encarecer tanto assim a obra? Não era melhor ter economizado nas luzinhas de natal pra fazer um serviço decente pros pedestres que usam a passagem o ano todo?

Bom, passagem atravessada, andiroba comprada, e aí eu me lembro da ração dos cachorros que acabou - tem uma pet shop no caminho de casa e entro pra resolver isso.
- A senhora não prefere levar o saco de 7,5 kg, no lugar do de 2,5kg? Veja, sai pela metade do preço!
- Nossa, é mesmo, vou levar sim - e já vou passando o cartão, tudo certo.
- Então, não temos embalagem que caiba o pacote grande. A senhora quer que eu leve até o carro pra senhora?
- Ai, moço, não estou de carro não... tinha me esquecido desse detalhe... mas pode me dar o pacote aqui, que eu carrego sem problemas até em casa... magina, 7 kg, é menos do que uns saquinhos de compra no supermercado... e minha casa é perto...

E lá vai Rose Foncée, chiquérrima, pronta pra reunião importantíssima da parte da tarde, pela rua afora, carregando o saco de 7,5 kg de ração de cachorro, tal e qual uma estivadora do cais do porto... um luxo!

Almocinho da dieta - alface, tomate, pure de abóbora e carne moída magra - e enquanto almoço, vou folheando as receitas no livro de Nigella Lawson. Sim, sou uma masoquista!

Cachorros alimentados, louça lavada, e ainda me restam 30 minutos - acho que dá pra dar uma boa descansada. Recosto no sofá, fecho os olhos, tão bom... e aí a consciência começa a azucrinar - afinal, por que perder 30 minutos sem fazer nada, se dá pra passar o aspirador pela casa nesse tempinho, pra evitar ter que fazer isso à noite? Ah, Rose, magina... Mildred veio ontem, a casa tá limpinha, feche os olhos aí e descanse...E aí, é claro que a única coisa que eu conseguia enxergar era a poeira em cima do móvel, um bolinho de pelos de cachorro no canto da parede, e é claro que já não conseguia mais relaxar, imaginando ácaros voadores sobrevoando o apartamento... Menos de 5 minutos depois lá estava eu, aspirando tudo, dando aquela geralzona no apartamento. Terminei em cima da hora de voltar.

Cansa, mas dá uma sensação ótima saber que a lida já está toda cumprida antes das 14h00... agora, vamos lá, Rose, trabalhar... porque o dia está só começando.

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