
E então, ontem, acordei decidida a fazer a faxina e arrumar a papelada que há meses, anos, estava acumulada no quartinho dos fundos, junto com tudo o que é badulaque que vai ficando sem lugar certo, sem utilidade, sem função. Cachorros pra fora de casa, roupas confortáveis, e mãos à obra... a primeira providência foi separar duas caixas grandes: uma para ir colocando o que fosse de jogar fora, outra para objetos ainda bons mas que não uso mais. O começo é dramático... a gente vai olhando os papéis, as coisas, e vai colocando no canto, jurando que eles ainda tem alguma serventia. Pra caixa do lixo só envelopes vazios, papéis rasgados, lixo inequívocamente lixo mesmo. O tempo vai passando, e chega uma hora em que a gente percebe que só está colocando as coisas em pilhas, tirando pó, e a quantidade absurda de coisas inúteis e de papés velhos continua ficando por lá. Até que a gente se enche de coragem e joga fora a primeira apostila velha. Depois, começam os manuais de funcionamento e certificados de garantia de eletrodomésticos que já temos há anos... e aí, encontramos o manual de um mixer que a gente lembra que já está queimado há muito tempo, enfiado na gaveta da cozinha... e resolve que ele também já pode ir para o lixo... e aí vem uma animação: de repente, a caixa tímida com uns envelopinhos e uns papéís rasgados no fundo, começa a se encher furiosamente... as caixas vazias, objetos quebrados, cadernos velhos, recibos velhos, cartões de visita desatualizados, sacolas, embalagens, começam a transbordar, e todo o canto do quartinho começa a se encher com coisas para o lixo...
É uma experiência libertadora - quando percebemos, estamos raciocinando melhor e perdemos o medo ou sei lá-o-que que temos de nos livrar daquilo que nunca usamos - aquele cachepô amarelo que tinhamos em casa desde sempre, ocupando espaço, mas tão horrendo, que jamais saiu do cantinho da área de serviço - rua com ele! Está bom, novo, perfeito, mas não usei, nunca vou usar... revistas antigas que a gente guarda por causa de uma matéria interessante, uma página com alguma coisa legal? Tão legal que a gente nem se lembrava mais porque a revisa estava guaradada, né... então, lixo!! Pilhas e pilhas e mais pilhas... Quando dei por mim, até pedaço de móvel quebrado eu estava jogando fora... porque é óbvio que em dia nenhum eu teria animo para sentar, chamar alguém, procurar um profissional para fazer outra peça, remontar o cabide quebrado...
No fim das contas, foram umas oito caixas grandes de badulaques e papelada velha jogados fora, empilhados na área do lixo reciclável do prédio. Não vou mentir - não é fácil pegar uma agenda, um caderno, anotações, lembranças e ir atirando fora assim, sem ler de novo, sem saber exatamente o que está escrito dentro... mas é uma das experiências mais libertadoras que se pode ter. Ver o quarto arrumado, mais vazio, organizado, dá uma sensação incrível de leveza de ânimo.
Sim, amores... sábado foi dia de faxina!!