quinta-feira, novembro 29

Dias Cinzas

Ando triste. Tem horas na vida em que a gente percebe que algumas situações simplesmente não tem solução. Alguns relacionamentos não se consertam. E por melhores intenções que tenhamos, cada palavra dita, por mais pensada que seja, será mal interpretada - pior, será distorcida, vai ferir e um dia será devolvida com a carga de toda a amargura do mundo para nos ferir também. A gente olha e não consegue achar onde foi que a coisa desandou - há carinho, nada de particularmente grave aconteceu, nada de particularmente concreto. O monstro foi se formando a partir de coisas que acontecem em todos os grupos, eu acho, em todas as famílias - uma pequena ofensa, uma frase dita na hora errada, uma meia-verdade aqui, um silêncio inoportuno acolá... e aí os anos vão passando e quando a gente percebe as coisas chegaram ao ponto de não ter mesmo como serem resolvidas, a vida virou um emaranhado de equívocos, de mágoas, de agressões e de lacunas.

Deveria ser tranquilo isso - sim, há incompatibilidade, uma cordialidade pode ser mantida, tudo foi tentado, não temos como consertar tudo, não há como arrancar ressentimentos de ninguém à fórceps, não é minha culpa, genuinamente tudo o que fizemos foi com as melhores intenções. Só que não é assim - é difícil reconhecer a diferença entre aceitar uma situação sem solução e desistir dela. Por mais que racionalmente saibamos que não há mais nada a ser feito - ou que o que há a ser feito somente servirá para aprofundar ainda mais o fosso que já existe - a sensação de derrota, de estar desistindo, de jogar a toalha é terrível.

E eu sei que durante muitas e muitas madrugadas insones a pergunta irá ficar martelando na minha cabeça, o demônio interior irá esmagar o meu peito e a resposta não chegará nunca:

Como pudemos errar tanto assim, meudeus? Como chegamos a esse ponto? Será que eu fiz mesmo tudo o que eu deveria ter feito? 

5 comentários:

Rose Foncée disse...

Gente, e só pra que ninguém fique preocupado: eu e Cheri estamos ótimos, viu. As coisas entre nós vão perfeitamente bem!

Dedé disse...

Rose, te entendo perfeitamente. Passei/estou passando por uma situação parecida com uma amiga. É difícil aceitar que alguma coisa se quebrou e a nossa amizade nunca mais será a mesma.
Acho que vou te mandar um email! haha
Bjos, fica bem :)

Amanda Machado disse...

Sei como é. Tenho uma notícia boa e outra ruim sobre este fato. Qual deseja primeiro?rs. A verdade é que esta angústia acerca da constatação recente passará.Logo não a incomodará tanto e vocês poderão, inclusive retomar a relação de maneira mais madura. Mas a ruim é que nunca mais parece ser do mesmo jeito, se, de fato, quebrou, não há conserto no mundo capaz de ser realmente eficiente...preferia não saber disto, mas...rs

Anônimo disse...

Desistir de uma pessoa é que dá a sensação triste de fracassar. Quando esgotamos todas as possibilidades de conviver com carinho genuino (pq acabamos nos lembrando sempre que deve haver carinho, e isso tira o espontaneo...), inventamos um tipo de relacionamento que nao é aquele que queriamos, pq nos lembramos do amor do passado, do carinho genuino, da cumplicidade. E isso ,pra mim, acontece com meu ex marido,com minha irmã..as pessoas que por motivos diversos acabaram se afastando do meu convivio e ainda me dói muito, me faz pensar em laços frageis e em fracasso.
Nao sei como um ex marido se torna, para tanta gente, uma figura distante e desconhecida, deixando de ser o Fulano e passar a ser O Pai das Crianças.Queria ser uma pessoa moderna, mas meus sentimentos sao antigos e grudentos...
Vou assinar anonimo, dessa vez.
Beijo pra quem lamenta os frageis laços de cumplicidade...

Anônimo disse...

Acho que so o tempo resolve. Estou nessa situacao e estou convencida que so o tempo me ajudara a entender.