quarta-feira, outubro 31

Festinha de Criança


Daí que temos, aqui no trabalho, uma rede informal de comunicação em que comentamos notícias, anunciamos alguma coisa que tenhamos para vender, fazemos indicações e consultas sobre profissionais, essas coisas. Uma espécie de versão virtual da famosa rádio-corredor.

E eis que hoje me deparo com o anúncio de um colega perguntando se alguém conhece alguma empresa que faça festinhas de criança em casa. Quer alguma coisa de boa qualidade e preço baixo, avisa que quer o bom esquema de bolo, salgadinhos, docinhos, refrigerante e alguma coisinha pros adultos, mas que nos estabelecimentos especializados que já pesquisou achou o preço meio salgado.

Fico aqui me perguntando - sério que até pra fazer uma festinha simples em casa todo mundo hoje tá buscando profissional especializado, é? Até entendo que uma super festa, alugar um espaço todo decorado, com jogos, brinquedos, palhaços, mágicos e etc, pode ser uma opção pra quem está com grana sobrando, não quer ter trabalho nenhum e quer investir mesmo numa superprodução. Particulamente não gosto muito, acho estranho, mas gosto é gosto - e como diz o sábio mordomo, cada um sabe de suas próprias motivações.

Agora, pra fazer um bolinho, fazer um panelão de cachorro quente, encher uns balões, colocar umas cocas e cervejas pra gelar e arrumar uma bela mesa com docinhos e salgadinhos, precisar de ajuda profissional, pra mim é dose, viu! Quando eu era criança isso fazia parte da festa! Os docinhos eram feitos em casa, ajudávamos minha mãe a enrolar brigadeiros, um ia cortando os pãezinhos de leite, outros enchiam os balões. Meu pai geralmente ficava responsável pelas bebidas (ficar responsável pela bebida era encher o tanque de gelo, colocar as garrafas lá e ir fazendo a manutenção - repondo o que fosse necesário, providenciando mais gelo, e praticamente só). O bolo, normalmente, era encomendado por alguma doceira da cidade - e toda cidade tem sempre uma, geralmente muito boa. Salgadinhos também eram feitos em casa naquela época, mas reconheço que hoje em dia seria pedir demais (cozinha pequena, cheiro de fritura na casa toda, fumaça, confusão no fogão, as coisas mudaram) - uma ida à padaria resolve facilmente o problema. A decoração eram fitas, papel crepom, enfeites de isopor, coisas assim. Coisa muito chique era contratar um mágico - isso só era possível de vez em quando - pra animar a festa por algumas horas, e pronto! Ficávamos tão felizes, era tudo tão bom, tudo corria bem, não tinha stress nenhum.

Hoje não tenho filhos e convivo pouco com adultos que tem crianças - meus irmãos tem um filho cada um mas moram longe, e não sei como é o dia-a-dia deles como papais e mamães, por isso fico tão surpresa e realmente me perguntando se isso é uma tendência geral. Se os adultos hoje contratam gente pra arrumar uma festinha simples de criança em casa. Acho que quem faz isso, não sabe o que perdendo.

A que ponto chegamos, não?

5 comentários:

Carolina disse...

Rose,
Minha cunhada e meu irmão ATEUS estão planejando gastar uma boa nota preta para a festa de BATIZADO da minha sobrinha. O que eu lembro de batizado é um bolo, umas bebidas e só. E só família próxima mesmo. Ela quer uma coisa tão fora do padrão, que não faz sentido pra quem não tem dinheiro sobrando. O chá de bêbe dela já foi um evento. E o dinheiro só indo pro ralo.
Claro que cada um gasta do jeito que quer, mas eu posso olhar e pensar o quanto é surreal.
Minha sobrinha ainda não tem 3 meses e seu aniversário de 1 ano já está sendo planejado.
Eu realmente gosto de coisas mais simples, mais descontraidas e gostosas. Isso pode até dar um pouco mais de trabalho, mas sai tão mais barato.

Patricia Scarpin disse...

Rose, as pessoas hoje em dia não sabem nem fritar um ovo - e se vangloriam disso. Você acha que vão se dar ao trabalho (para eles é um trabalho) de enrolar brigadeiro? Ou de ferver salsicha? É muito difícil (ironia mode on).

Anônimo disse...

Rose,
Tem um grande téorico da modernidade que costuma dizer que o afã nesses dias é "ser visto". Para esse propósito existem tantas formas de "se fazer ver", e essas festinhas, cheias de contrato, de indicações, de preparativos, são também uma expressão disso. Um bom exemplo esse da Carolina em que os ATEUS batizam a criança. Puta forma de mostrar ao mundo a pobre da criança. Mega evento...mini celebridade.

Concordo contigo, acho tudo estranho, tudo muito caro, e acho que a Patricia tem razão: a falta de habilidade pra cozinhar um ovo também pesa.

É a vida. E é bom saber que tem mais gente estranhando essa vida, viu??
Tici

Lili Cheveux de Feu disse...

Tu conhece a Rosely Sayão? Eu adoro as coisas que ela diz. Tem um programa que ela fala exatamente sobre isso, mas não estou encontrando lá no histórico... =/
De qualquer forma, se quiser ouvir algo: http://bandnewsfm.band.com.br/Colunista.aspx?COD=23

Dedé disse...

Rose, eu leio umas coisas na internet que me deixam abismadas sobre como algumas pessoas no Brasil se comportam nesse quesito. A última notícia que li era a de uma festa na maternidade, após o nascimento (que será obrigatoriamente cesária, diga-se de passagem) da criança. Até fotógrafa e manicure tem... Eu acho de uma falta de respeito com a criança (porque no fim é ela quem sofre mais, né?) e de uma futilidade sem tamanho! Mas... cada um sabe o que faz, né? E onde gasta o dinheiro...