quinta-feira, fevereiro 9

Ma-ra-vi-lho-sa



Vou pedir licença para vocês e reproduzir aqui, inteirinho, um post que André Barcinski (de quem, aliás, sou fã confessa)colocou em seu blog, ontem. Normalmente, eu colocaria só o link, mas esse é tão fantástico, tão divertido, que merece estar aqui, no Filhas, na íntegra. Então, amores, aproveitem a tarde de caos de André Barcinski e Rogéria.

No caos com Rogéria

Estava ontem num estúdio em Pinheiros, gravando um programa de TV apresentado pela mitológica Rogéria.
Tudo ia bem até o meio da tarde, quando um estrondo interrompeu a gravação. Parecia que o telhado estava desabando.
Fui à rua ver o que estava acontecendo. Pedaços de gelo do tamanho de bolas de gude caíam, amassando carros e quicando na calçada. Já vi granizo em São Paulo antes, mas nunca com aquela intensidade.
Em poucos minutos, a rua toda ficou coberta por uma camada de 20 cm de gelo. O gelo entupiu as calhas do prédio e a água começou a invadir o estúdio.
Enquanto o mundo caía lá fora e a equipe tentava impedir a inundação, Rogéria, completamente alheia ao caos, contava a uma assistente casos de sua primeira viagem ao Irã, nos anos 70.
Interrompemos a gravação. O carro que deveria buscar Rogéria e sua “entourage” – o “stylist” Ronald e o assistente Lucas – estava parado num engarrafamento monstruoso e não conseguiu chegar a Pinheiros. Tentamos vários pontos de táxi na região, sem sucesso.
A única solução para levá-los ao hotel, na Paulista (Rogéria mora no Rio), era o metrô. Rogéria, num bom humor tremendo, achou a idéia ótima: “Faz anos que não ando de metrô em São Paulo, vai ser uma aventura."
E foi mesmo. Primeiro, andar pelo Largo da Batata com Rogéria, de salto, lenço na cabeça e um óculos escuros Prada, sendo cumprimentada e chamada de “linda” e “gostosa” por várias pessoas. “Eu amo São Paulo, aqui eles sabem reconhecer os artistas."
No metrô Faria Lima, outro caos: a fila chegava quase à rua.
Sugeri procurar um restaurante para esperar o pandemônio passar. O bairro todo estava sem luz e os faróis de trânsito, apagados. Pinheiros era uma visão do inferno. Rogéria não se abalou: “Vamos andar a pé, assim eu conheço um pouco do bairro!”
Andamos uns oito quarteirões e paramos numa cantina. O lugar estava sem luz, mas o mâitre foi gentil e nos atendeu. Rogéria aprovou a comida: “Nem em Roma comi uma massa como a sua, dê os parabéns ao chef!”
Paramos na Rua dos Pinheiros para tentar um táxi. Os dois assistentes de Rogéria e eu ficamos pelo menos 20 minutos numa esquina, gritando para os carros que passavam. Ninguém parou.
Rogéria resolveu agir: “Meus amores, podem deixar que eu vou chamar um táxi. São Paulo não vai deixar Rogéria a pé!” E ela ficou na esquina, com o braço esticado, dizendo “Uhuuuu! Pelo amor de Deeeeeeeus, um táxi! Ajuuuudem!” Em três minutos, um táxi parou.
O carro subiu a Rebouças, que estava em obras. Quase fomos abalroados por um trator – juro, parecia uma miragem – que subia a avenida às sete e meia da noite. Levamos quase uma hora para chegar à Consolação.
Rogéria parecia estar se divertindo. Sentada no banco da frente, contava ao motorista histórias de suas primeiras visitas a São Paulo, nos anos 60. “A gente ia às boates ouvir bolero, coisa chique, não esses bate-estacas horríveis de hoje.”
Quando o táxi passou em frente à Nostromondo, famosa boate gay na Consolação, ela não se conteve: “Ah, a Nostro... Quantos shows não fiz lá? Quantos prêmios não ganhei ? Que saudades!
Levamos mais 40 minutos para andar três quarteirões na Paulista. E, aí, a paciência de Rogéria parecia estar chegando ao fim: “Gente, o que é isso? Nunca vi um engarrafamento desses, Deus me livre. Que horror.” O clima azedou.
Até que outro táxi emparelhou com o nosso, e o motorista a reconheceu: “Rogéria, você está linda, cada dia mais jovem...”
“Ah, meu amor, que bondade a sua! Você é que está lindo, com esse bigode chiquérrimo! Deus te abençoe, querido!”
E virou-se para nós, no banco de trás:
“Puta que pariu, eu amo essa cidade!”

13 comentários:

O Mordomo disse...

uahauhauahuahauhauah
Sensacional!

Anônimo disse...

Adoreiiii

lili cheveux de feu disse...

sampa, sampa, sampa! baita texto mesmo.

O Barba :) disse...

Rogéria, Rogéria, Rogéria! Baita pessoa mesmo.

Lili Cheveux de Feu disse...

cai fora, ô, carioca marrento.

marcelo disse...

Uai, porque marrento?? Só porque ele gosta da Rogéria?? Num tô te entendeno, lilicheveuxdefeu!!!

lili cheveux de feu disse...

não. é por que ele está me arremedando e não gosta de sampa! rsrs =P

O Barba :) disse...

Pq eu duvido que até mesmo os paulistas tenham este estado de espirito para aturar sua propria cidade.
Só!

marcelo disse...

Barba, com todo o respeito, meu chapa... mas se até Rogéria, putaquepariu, ama essa cidade... que é tu pra desamar, cidadão??!!!! hehehehehehehehehe

Lili Cheveux de Feu disse...

ele é um carioca marrento, má. e foi toda essa conversa que eu resumi no meu segundo comentário. rsrsrs.

marcelo disse...

Adooro morar em Brasília, porque isso me permite amar tanto o Rio quanto São Paulo. E detestar as duas também, quando me convém.. hehehehehe. No fim das contas é tudo tão simples! - no mundo ideal a gente passaria o dia no Rio, e quando chegasse o fim da tarde, iria pra São Paulo passar a noite... não seria divino?

lili cheveux de feu disse...

marcelo, no mundo ideal não existiriam cariocas. rsrsrsrs.

marcelo disse...

Ai, ai... essa paixão recíproca e intensa entre cariocas e paulistas... rsrsrssrs... é tão óbvia pra quem vê de fora... hehehehehehe. ;P