terça-feira, setembro 6

Uma vida pela frente


13h45

- Moça, você sabe onde fica o Carrefour aqui perto?

Eu voltava caminhando para o trabalho, depois do almoço, e um rapaz de aparência muito humilde, de no máximo uns 20 anos, com a maior cara de feliz que eu já vi na vida, se aproximou e perguntou... quase dançando enquanto andava, dando a impressão que literalmente não estava cabendo dentro de si. Nas mãos, a carteira profissional, mais uns papéis, provavelmente cópias de documentos, soltos... nem uma pastinha ele tinha.

- É bem ali pertinho, ó. Atravessa a rua ali, e tá vendo aquela rua onde os carros estão virando? É ali, é só virar ali também, o Carrefour é logo abaixo.

O menino abriu um sorriso maior ainda, se agitou um pouco e sacudiu a cabeça afirmativamente, um gesto que eu interpretei como um “muito obrigado pela informação”... estava em um estado que nem conseguia falar direito.

- Você está indo procurar emprego?
- Tô sim, moça. Mas já está tudo certo. Já estou indo levar os documentos.
- Que bom então. Parabéns! Primeiro emprego?
O sorriso se abriu mais ainda e mais uma vez ele sacudiu a cabeça afirmativamente, muitas vezes, transbordando de alegria e expectativas.
-Boa sorte pra você, então. Tchau!
- Tchau, moça.

E lá foi ele, rápido, trotando pela rua, com uma energia contagiante,praticamente rindo sozinho. E eu continuei meu caminho de volta para o trabalho, e sem perceber, já estava sorrindo à toa também, feliz da vida.

Ganhei o dia. Bom demais ver um sorriso tão franco e tão ingênuo, uma pessoa tão cheia de esperanças e expectativas. O primeiro emprego no Carrefour – um trabalho simples, um garoto simples, de expectativas e sonhos também, provavelmente, muito simples. Sonhos que talvez caibam em uma carteira assinada, em um uniforme de empresa, em um salário de caixa ou de empacotador. Feliz com o mundo de expectativas que se abrem hoje para ele. Expectativas que a maioria de nós já perdeu, em algum ponto lá atrás, afogados nos nossos sonhos irrealizáveis e nas nossas frustrações inexplicáveis e injustificadas.

Desejo toda a sorte do mundo ao menino feliz, que me fez sorrir por tão pouco, em uma tarde qualquer.

7 comentários:

Anônimo disse...

que lindo post.... parabens.... fiquei com lagrimas nos olhos... e melhor foto impossivel...

Patricia Scarpin disse...

Os olhos marejaram com esse teu post, Rose. Coisa linda. Vou ficar aqui torcendo pelo menino também.

Anônimo disse...

Olá Rose,
eu adoro os teus posts, sempre marco que sou tua fã, hehe.
O texto é lindo, eu já passei por situações parecidas, de me pegar com um sorriso no rosto, é ótimo!
Só achei que no final "me fez sorrir por tão pouco" não combinou muito com o relato(porque prá ele era muito), a não ser que o tão pouco seja a informação que tu prestaste.....
Bjs!
Sabrina.

Rose Foncée disse...

Sabrina, talvez eu tenha me expressado mal mesmo... o tão pouco que eu quis dizer foi o simples fato de parar para dar uma informação para alguém na rua... uma coisa que acontece com a gente toda hora, é bem trivial. Em troca ganhei uma tarde mais feliz. Foi isso. Bjs!!

Anônimo disse...

Tomara que outros milhões de meninos sigam isso.
No começo do ano tive uma experiência parecida, chegou minha faxineira com maior sorrisão na cara...o filho tinha conseguido entrar na faculdade.
Isso faz a gente ganhar o dia.

Anônimo disse...

Rose, bem que eu achei que era isso, hehe.
Eu, na tua situação, ia morrer de curiosidade e qualquer dia apareceria no Carrefour, rsrs.
Bjs!
Sabrina.

Rose Foncée disse...

Sabrina, é o supermercado que eu geralmente freuquento mesmo, perto de casa...claro que vou prestar atenção pra ver se vejo o menino por lá!