segunda-feira, julho 11

Mujeres al borde de un ataque de nervios.



Arabela terminou traumaticamente com o namorado de 10 anos! Há 10 anos atrás ela era uma estudante sem dinheiro, hoje é uma bem sucedida analista da área financeira. O guapo em questão resolveu que ainda a ama, mas queria experimentar novidades e aventuras na vida. Propôs um relacionamento aberto e ela, claro, recusou. Meses de choro, lenga-lenga, telefonemas enlouqueidos nas madrugadas, provocações e ela finalmente superou. Agora, está atrás de um novo par, mas perdeu completamente o jeito para a coisa. O mundo é novo (10 anos, minha gente!) e ela entrou numas de que todos os homens interessantes são casados ou gays. Não consegue achar o meio termo entre um flerte despretensioso e um relacionamento seriíssimo... já está entrando em desespero, e entre considerações sobre o colega chato e machista mas bonitinho que trabalha na mesa ao lado e vive se insinuando e os atributos físicos do charmoso garçom do café próximo ao trabalho, volta e meia se pega comparando todos os homens ao ex, que agora ela não quer mais ver nem pintado na frente...

Maris criou um interessante (e destrutivo) mecanismo de auto-defesa. Não é exatamente uma beldade, sempre esteve muitos quilos acima do peso, sofria bullying na escola, e já chegou a ser confundida com a irmã de sua mãe. Ao invés de valorizar seu bom senso de humor, sua inteligência e sua cultura geral, resolveu começar a se fazer de exclusiva. Imagina que muitos homens ao seu redor dão em cima dela, interpreta atos de gentileza como cantadas, e criou uma verdadeira enciclopédia de exigências e pré-requisitos para o homem e o relacionamento ideais. Está desenvolvendo um perigoso relacionamento com a própria solidão, e começa a afastar inclusive os amigos e a família. Só gosta de viajar sozinha, trocou de personal porque a antiga, uma vez, fez perguntas de fundo um pouco mais particular, tentando ser amigável, e ela ficou profundamente constrangida... ou seja, está se fechando ao mundo como uma ostra. Mas é nítida a percepção de que há problemas ali... no fundo, ela não gostaria de estar sozinha.

Juju se formou, começou a ganhar a vida e agora quer realizar os sonhos da classe média. Um bom emprego, o carro novo, a entrada no apartamento dos sonhos, a viagem para a Europa, e o namorado/futuro marido bem sucedido, bem ajustado, perfeitinho. Tudo indo bem, exceto pelo fato do tal namorado perfeito só existir na cabeça e nos sonhos dela. Na prática, o bonitão de boa família educado em boas escolas não está tão interessado assim em trocar de carro, está na dúvida entre o doutorado e uma viagem de autodescobrimento para a Índia e descobriu que umas aulas de Ioga podem ser bem mais interessantes do que uma tarde no shopping. É claro que a moça em questão pira. Detesta o carro velho do moço, cobra um posicionamento que ele ainda não está pronto para ter. Para piorar, filha de família ultraliberal, conversa abertamente sobre sexo com os pais e o irmão, compara e cobra do infeliz o mesmo desempenho que ela julga que seus entes querido possuem . Discussões aos berros que levam até a interferência dos vizinhos são frequentes e até no Divã do Gikovate, ao vivo, em rede nacional, a moça já foi parar...

Priscila casou com toda a pompa que sempre sonhou. Vestido de noiva, manhã amena, champagne e bem- casados. Três meses depois festejava a primeira gravidez. Seis meses depois do nascimento do petit, o casamento que já não ia bem, desandou de vez, e a separação foi concretizada. Hoje ela luta para se equilibrar entre o trabalho, o filho e a administração das finanças e da casa. Ligadíssima em aparências, tem verdadeiro pavor de se mostrar impotente ou perdida. Uma oferta de ajuda ou um conselho, dependendo da ocasião, podem virar quase ofensa pessoal. Paradoxal, quer ser vista como profissional bem sucedida, mas tem no fundo da alma algo um pouco burguês, que a faz valorizar coisinhas de casa, novidades em eletrodomésticos, futilidades sociais, sem falar na mania de organização da geladeira e na obsessão por limpeza e decoração. Quer muito arrumar outro namorado e refazer a vida, mas não abre mão de levar o pimpolho à tiracolo até em encontros animados em sushi bar no sábado à noite. Quando a coisa aperta de verdade, chora muito, e no desespero, confessa que gostaria de ter alguém ao lado e que é duro ter que levar as responsabilidades da vida sozinha.

Ana, depois de muito tentar engravidar naturalmente, teve que recorrer à inseminação artificial. O resultado não foi um, mas três (sim, TRÊS) bebês de uma vez só. O marido resolveu dar uma guinada na carreira e o novo emprego dos sonhos foi em outra cidade, para onde ele vai toda segunda e só volta na sexta à noite. Durante a semana ela dá conta dos três (ai) bebês sozinha, não pode se dar ao luxo de largar o trabalho, é claro, e mesmo com um cotidiano estafante aparentemente está sempre de bom humor. Aparentemente. Conversando com ela, eu comentei o quanto ela parecia feliz e realizada. A resposta: “Você acha? Ai, Rose, pois você nem queira saber, viu...nem queira saber...”

Essas moças existem, conheço todas elas. E se a gente for prestar bem atenção, cada uma das mulheres que a gente conhece tem uma história, ou uma vida assim, cheia de espinhos... Ser mulher, definitivamente, não é uma coisa fácil e não, não estou me referindo à TPM – essa é só o menor dos problemas femininos, viu. O menor. Porque ninguém disse que a vida seria fácil, mas – pooorrraaaaaaaannnn!! – precisava ser assim, tão difícil?

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