terça-feira, julho 13

E como diria Maria Isabel, conjuge não é parente!

Anos atrás um colega perguntou a mim e a mais duas colegas (uma era mãe de uma menininha e a outra estava grávida de um menino) o que nós preferíamos: ter um filho gay ou um filho drogado? Involuntaria e imediatamente dei uma gargalhada. As outras ficaram se olhando e, depois de longos minutos, ambas responderam que preferiam gay.
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A cara da psicóloga quando eu respondi - Dá-me dôs! à pergunta - A senhora marcou a opção (x)sim, aceito com HIV, está correto? na papelada de adoção, foi hilária. Era um misto de não tô entendo com explique melhor esse sárcasmo no seu olhar e na sua voz, cara candidata a mãe.
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Muito simples, senhora psicóloga, HIV não tem cura, mas não restringe a vida do peãozinho (ou da família), incluindo aí a sua total independência para fazer o que bem quiser sozinho. Correr, jogar bola, nadar, pegar a mulherada (ou o macharedo, se ele preferir).
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Daí tive que explicar ao meu querido colega que das doenças incuráveis, pra mim, a dependência química é a pior e mais degradante. E a gente nunca sabe quando ou se essa pré-disposição genética vai aflorar. Já o homossexualismo, que não é doença, traria para a minha vida a única preocupação de me controlar pra não manifestar minha vontade de ir as festinhas junto com ele. Por que mãe não vai à festa de filho.
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E hoje na sessão com a médica-da-cabeça, enquanto ela tentava sem sucesso colocar na minha cabeça que essa questão das doenças mentais nas crianças era complicado, por que eles testam os limites a todo segundo (e se for only this, uma conversinha mais íntima com o senhor chinelo vai resolver, mas se for uma personalidade com tendência a depressão -ainda que leve - por exemplo, palmada vai piorar); eu respondia que me conhecia muito bem e isso não me preocupava. Ela replicava que não me conheço como mãe, e eu respondia que me conheço do avesso como cerumano. E se tem uma coisa que aprendi a fazer bem direitinho é impor limites.
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Lá em casa a conversa mais íntima com o senhor chinelo vai ser o último recurso, talvez nunca seja utilizado. Por que meu filho (ou filha) vai ser absurdamente muito amado, portanto, o egoísmo vai passar longe da sua vidinha. Ele não vai querer experimentar substâncias letais e machucar a mamãe, que fez o diabo para tê-lo e criá-lo sozinha com tanto sacrifício, tanto amor e tanta devoção, não é mesmo!?
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- HAHAHA, então podes ficar tranquila, que teu filho não vai se drogar.
- Por que vou ser uma mãe judia?
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Culpa, senhoras e senhores da pláteia, culpa resolve muita coisa. Mas atenção: essa chantagem emocional tem que ser usada comedidamente, e só em casos de vida ou morte. Ou corre-se o risco de modelar um adulto frustrado. E a gente não precisa de mais adultos frustrados no mundo.
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O certo é que vou me preocupar com o assunto drogas todos os dias, depois de ser mãe, até um de nós dois morrer.

9 comentários:

Marissa Rangel-Biddle disse...

Ninguem disse que seria facil, eita!

Essas pessoinhas que ficam preocupadas com a possivel homosexualidade ou heterosexualidade do filh@ e' tao constrangedor, neh? E essas perguntinhas de se 'vc prefere esse modelinho de filh@ ou aquele outro modelinho ali' sao crueis. Eu acho cruel esse tipo de comparacao - se prefiro drogado ou homosexual! Putz, e tem gente que ainda poe a maozinho no queixo e fica pensando numa resposta?

So' gargalhando mesmo como vc fez.

Paulinha_SP disse...

Tu como mãe deve dar um ótimo reality show!!
:oD
Daqueles de se mijar de rir.

Lili Cheveux de Feu disse...

ai, paulinha, eu tambem queria assistir diariamente...

e quando teremos um novo mascote aqui em casa, hein, rose???

Saulo disse...

Rose, pelamordedeus, não vai forçar o menino a ser viado!! rs

Arabiane disse...

HAUHAUHAUHAUHAUHAU
Saulo, tu lê mentes, criatura?! Solineuza quase me bateu quando disse que ia adorar se fosse viado.

Marie Clarté d'Or disse...

Eu se fosse homem ia ser gay com certeza!

Consuelo disse...

Já tá falando como mãe. E tenho certeza que será ótima mãe por todo o amor que já demonstra que vai ter.

marcelo disse...

Gente, eu tô lesado hoje, não to conseguindo entender nada. Como diria Sabrina Sato - estou confuso! Abixaburra!!
Rose, vc tá adotando uma criança, é isso? E aí estão te perguntando se vc prefere um viadinho ou um drogadinho?
#perplexo

Arabiane disse...

HAHAHAHAHAHAH mas uma é gênia e a outra é lesada!!!

(Brincadeira, com todo respeito!)

Não, Marcelo. Eu estou (1) tentando adotar e/ou inseminar e (2) no passado me perguntaram o que eu preferia: drogadito ou viado.

Mas com a função da adoção (onde me perguntaram se eu queria com ou sem HIV, com ou sem doença mental, com ou sem doença física...) e ou inseminação tomando conta de todos os meus pensamentos e praticamente se implementando a qualquer momento, o assunto do passado voltou à tona no tratamento-de-cabeça. E como escrever libera o que está escondidinho no inconsciente (tanto quanto falar), uso o blog pra trazer os monstrinhos todos pra fora.

Pegou, agora?