É pra se guardar do lado esquerdo do peito o que foi (ou não foi) alimentado pelo ego.

Uma das minhas melhores amigas veio a Gay Harbour este final de semana e pude passar um tempinho com ela, o marido e o João Pedro, que negou-se a se mexer e dar cambalhotas para a tia Rose senti-lo na barriga da mamãe. Atualmente conseguimos nos ver umas duas ou três vezes por ano, mas já moramos juntas quando eu cheguei em Fred West.

O que achei mais interessante foi que almoçando na sexta-feira ela me comunicou que o marido queria me ver antes deles irem embora, por que estava com saudades de mim. Devo ter feito uma cara esquisita por que ela riu e me deu a explicação que ele havia lhe dado para o fato: "- É que a baixinha te ama tanto que eu comecei a gostar dela também."

Em cima disso ficamos conversando e mais uma vez a minha teoria empírica deu as caras: a gente re-conhece quem é amigo mesmo nas horas felizes. Sim, por que mãos estendidas para nos juntar do chão há várias. Alguém com paciência para aguentar choro e ajudar a resolver crise não é tão difícil assim de encontrar, inclusive há profissionais excelentes desempenhando a função. É muito mais fácil ser solícito, solidário e dividir o que comer, mesmo quando não se tem muito o que comer, quando o outro está na pior, no fundo, do que ficar feliz pelo outro quando ele está muito melhor do que nós ou vários degraus acima.

Amigo de verdade é aquele que consegue con-viver com o teu sucesso, com o teu sucesso maior do que o dele, e controlar a possível inveja que pode estar alojada ali no meio. Amigo é aquele que sendo ou estando menos do que tu, não se ressente e não sabota a amizade, nem inconscientemente. Amigo é aquele que mesmo não sabendo exatamente qual foi o preço pago (por que só quem efetivamente pagou é quem sabe), nem sonha em desvalorizar as tuas conquistas, os teus desejos ou quem tu te tornaste.

É preciso ter auto-estima até para ser/ter amigos.