Ontem mesmo vieram me sondar, se eu não tô afim de fazer uma consultoria [como tem mordomo ruim nesse mundo, Pai do céu!] ali na casa da vizinha. E pediram meu CV, mandei agora há pouco.
Daí , como eu sempre faço um cv específico pra vaga a que me candidato, fiquei naquela de: como é que vai ser esse aqui? E acabei recorrendo a um padrão que eu sempre sigo, que é o seguinte: quanto maior a minha pretenção salarial, mais páginas tem o meu CV. Ou vc acha que alguém vai pagar um salário massa pra quem tem um CV com uma página e meia? Eu não pagaria.
Se vou me candidatar pra uma vaga foda, eu deixo o meu CV foda. Não é questão de encher linguiça não, nem de inventar coisas que eu não sou capaz de fazer ou nunca tenha feito antes. A questão é o detalhamento, a relevância das informações que eu coloco. A escolha das palavras é primordial.
Eu seduzo o recrutador. Faço os olhos brilhar. Digo o que ele quer ouvir (tudo respeitando exatamente a fidedignidade dos fatos). E, claro, justifico a pretenção salarial.
Não é possível que alguém se ache no direito de contratar um mordomo bilíngue pelo mesmo valor que um meio-língue [que, como sabemos, estamos cercados por profissionais cada vez menos proficientes no próprio idioma nativo].
Esse negócio de CV bom é CV com uma página, que o recrutador não vai ler um livro, é verdade até certo ponto. Resumir uma experiência de 10 anos de mercado em vinte e poucas linhas é ridículo. É como subestimar a sua competência e a sua experiência. Isso eu não faço. Agora, que é fundamental listar logo de cara, na primeira página, as informações mais fundamentais, bem aquelas que vão fazer os olhos do recrutador brilharem, isso é verdade. É bem prudente, inclusive. Já pensou ser o candidato perfeito pra uma ótima vaga e não ser nem chamado pra entrevista só porque você deixou pra dizer suas pretenções e principais competências lá no final da quinta página? Não seja idiota.
Outra coisa: não coloco informações desnecessárias. Pelo amor de Deus, se você coloca os números de todos os seus documentos, o estado civil, o endereço completo [com cep e tudo], saiba que você pode ser facilmente vítima do pré-conceito antes de ter tido chance de mostrar como você se veste bem na entrevista. Todo mundo sabe que, muitas vezes [na maioria, sejamos realistas] os solteiros, que moram próximo a empresa, e que estão com a situação financeira em dia, são preferidos. Não seja inocente a ponto de imaginar que o recrutador não liga se o seu nome está no SPC [e portanto é emocionalmente mais suscetível a ser improdutivo] ou se vc é casado [afinal o custo com benefícios é maior]. Essas coisas você pode perfeitamente omitir até o momento apropriado. Se na entrevista te perguntarem o estado civil, onde vc mora, paciência. Pelo menos você já teve a chance de fazer os pontos positivos sobre você se sobressaírem.
E foto NÃO. Nunca. A não ser que seja exigido. Até porque está pra nascer alguém com boa aparência inclusive na foto 3x4 [com exceção da mme Foncée e mme Cheveux de Feu].
Aliás, quem quiser uma crítica sobre o seu CV, pode me mandar pelo e-mail ali do lado que eu digo numa boa [sim, de graça]. Mas não vá chorar com o que vai ouvir...
14 comentários:
Caríssimo e sempre fino mordomo,
Eu passei por um processo de coaching uns 2 anos atrás e meu CV foi digamos, um tanto quando revolucionado. Eu gosto dele, porém não tenho, literalmetne saco de ficar alterando a cada vaga que eu mando. O dito cujo tem 4 páginas e lista minhas características essenciais, minhas experiências profissionais e mais umas coisas técnicas básicas na minha profissão.
O pecado de não alterar e refazer o dito cujo a cada nova vaga que aparece é capital ou pode ser perdoado?
Aqui no "lojinha" tem um sistema que faz e vai atualizando o CV pra gente. Acho tão bom. A gente só vai alimentando com os dados novos e ele vai alterando. E na hora de imprimir e enviar, ele ainda deixa a gente selecionar quais dados devem constar daquela operação. E o sistema ainda envia o dito cujo por e-mail pra gente, em nome do "lojinha" com uma singela cartinha de apresentação e tudo. Bom, né?
nossa, que luxor! onde eu consigo isso?
Imagina JMJr... isso não é pecado, não! Ótimo pra vc, aliás. Essa na verdade é uma necessidade minha pq na minha área, e com minha experiência, eu posso ser babá, diarista, cozinheiro, passadeiro, mordomo, jardineiro, governanta... daí se reunisse tudo numa coisa só o recrutante poderia achar que eu não tenho foco, que me desmotivaria em exercer outra função... enfim. Tem muito idiota preguiçoso e preconceituoso recrutando por aí.
Marcelo, não entendi a metáfora mas o sisteminha parece bem prático mesmo. Já trabalhei numa casa que tinha um mais ou menos semelhante.
Gente, tenho PÂNICO e sérios POBREMAS (rsrsrs) para fazer CV. Nunca sei o que colocar, como colocar. Ú Ó. Isso e fazer mala estão no mesmo patamar de total incapacidade de minha pessoa...
Ótima sugestão de pauta, Hellen. Tenho umas boas dicas do tempo que trabalhei como mordomo de um político. Adelaide também com certeza tem ótimas dicas. #ficadica pra Adelaide.
Que metáfora?
"lojinha", Marcelo.
Ai, depois que eu passei no concurso público, parei de me importar com o meu CV. Aliás, a maior parte dele é com atividades acadêmicas, porque até 2007 eu era totalmente voltado para esse meio.
"Lojinha" é local de trabalho, mordomo. É onde a gente ganha a vida, rapaz!! No seu caso, por exemplo, o lojinha é a mansão foncée - cheveux de feu, entendeu? :D
rsrs. Entendido. Now everything makes sense.
O Taípe vai te fazer bem, rapaz... rsrs
Mordomo...
Ganho a vida de forma bem semelhante que vossa Senhoria e faço exatamente da mesma forma. Se a vaga é foda, detalho meu currículo de forma que ele fique tão foda quanto.
Também não contrataria alguém que me aparecesse com um CV de UMA PÁGINA com nros. de documentos, hehehehe.
Ainda mais numa área como a nossa... aí sim, muito memos!
Ah.. e eu tenho sempre um Resume atualizado à mão.. em inglês dá mais trabalho, mas algumas possíveis contratantes exigem que seja dessa forma...
Adelaide com certeza tem ótimas dicas, mas ela é incapaz de dobrar uma camisa social....
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