Paranóia

Fiz uma pequena pesquisa na internet sobre preços de televisão. Foram dois sites, e nos dois digitei TV LED nas barras de pesquisa... segundos depois na minha caixa de entrada do gmail, havia uma dúzia de anúncios me oferecendo, adivinhem? Ofertas de TV de Led... alguns minutos depois, chega um e-mail do Submarino, com ofertas irresistíveis... vocês já devem estar imaginando de que, não? Pois é...

Detesto ficar paranóica, mas é impossível evitar o incômodo de se imaginar vigiada o tempo inteiro. Quase tudo o que a gente faz hoje fica registrado, gravado... se meu porteiro treinar leitura labial ele consegue ver em tempo real tudo o que eu estou conversando com Cheri na garagem, nos corredores do meu prédio; empresas comerciais têm acesso a tudo o que eu digito no meu computador. Não sei para vocês, mas a sensação de ser permanentemente vigiada, observada, rastreada, para mim é extremamente desconfortável.

Li 1984, do George Orwell quando tinha 16 anos, e várias vezes depois, em diferentes estágios da vida. Foi, decididamente, o livro que mais me marcou. Várias de minhas convicções, meu estilo de vida, minhas escolhas, minha necessidade de liberdade e privacidade, minha implicância quase alérgica a qualquer forma de de controle pessoal e a qualquer submissão cega à autoridade derivam da leitura e da compreensão desse livro excepcional. Reluto em colocar CPF nas notas fiscais e não tenho Facebook por causa dele. Sou quase uma anarquista graças a Orwell e portanto, quando percebo que aos pouquinhos estou sendo tolhida de minha privacidade e de meu arbítrio, fico profundamente amedontrada e irritada.

Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força. A novilíngua já está presente nos torpedos e SMS's da vida e o duplipensar já se faz presente a ponto de nos fazer submissos e agradecer pelas limitações que nos são impostas dia-a-dia.

Sim, amores... eu tenho horror ao Grande Irmão. E morro de medo do Submarino.