quarta-feira, abril 13
O ócio.
Pendurar a bolsa. Abrir as janelas. Tirar o sapato. Fazer festa para o cachorro. Beber um copão de água bem gelada, bem devagar. Separar a correspondência - envelopes de Cheri na mesinha, os meus na gavetinha, propagandas e folhetos no lixo. Tirar a roupa. Colocar um vestidinho bem largo e bem fresquinho. Comer cinco uvinhas. Lavar o rosto. Prender o cabelo. Ligar o ventilador de teto e deitar-me bem no meio da cama. Fechar os olhos. Pensar em pegar um livro, mas deixar pra lá. Pensar em folhear uma revista mas deixar pra lá. Pensar em levantar e ir ligar a televisão mas deixar pra lá. Esvaziar a cabeça. Parar de pensar. Deixar-me ficar apenas assim por uns instantes. Sem fazer nada, sem pensar em nada. Deixar que o cachorro se deite nos meus pés. Me sentir inteira desacelerando. Os problemas, o trabalho, o trânsito, a ansiedade, os dilemas, tudo ficando pra trás, la fora. O silêncio, o ventinho. Só uns minutos assim. Quieta. Para que daqui a pouco eu esteja pronta para levantar, espreguiçar, e retomar a vida; só que agora, às 19h50, a vida de verdade... até agora eu não estava vivendo, estava deixando que o dia me consumisse. Agora, as possibilidades se abrem. A escolha da roupa, do que fazer, do que comer, se vou sair, com que amigos vou falar, quem eu verei, se vou ao cinema, se vou correr, se vou vagar um pouco pela cidade, o que vou beber... é agora que começa de verdade. O mundo ganha outra dimensão depois de alguns momentos de ócio. Levanta, Rose.. são 20h30 e o dia está começando. Agora.
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4 comentários:
A vida só começa às 22h.
nunca me esqueço de uma frase que li no blog da joelma: a vida é o que acontece lá fora enquanto a gente trabalha.
filósofa joelma. é só o que faltava...
não dê tanto crédito a ela, guga.
a joelma só fez uma citação. tu acha mesmo que ela seria capaz de falar uma frase boa como essa? rá.
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