sexta-feira, fevereiro 22

Choro mares de desesperança todos os dias. Em alguns deles me afogo até a morte. Não é simples morrer e renascer tantas vezes. A cada dia surgem mais cicatrizes no corpo e cada vez mais sequelas na mente... Não é possível respirar da mesma forma. Não é possível parar de chorar.

2 comentários:

Carolina disse...

Lili,
tente voltar para a terapia. Não é que você não vai mais se sentir assim, é que você vai aprender a viver com isso. No fim das contas é isso: conviver com essa situação.
Eu vi um documentário sobre a Madre Teresa e me surpreendi. Ela fazia o que tinha que fazer porque era a vocação dela, mas a vida dela trazia muito sofrimento e desesperança. Ela vivia se perguntando o porquê dessa merda toda. A fé dela a movia (ainda assim ela tinha dúvidas), mas era uma vida de provação. A felicidade dela era ajudar um pois sabia que não tinha como ajudar todos, mas ainda assim sofria.
Vi também uma reportagem sobre uma voluntária no Haiti e perguntavam pra ela se ela acreditava que melhoraria, ela respondeu que não via qualquer chance de melhorar, que a coisa era feia demais, mas que ela continuava porque sim. Ela conseguiria ajudar alguns pelo menos, alguma coisa melhoraria. Não muito, mas ela tentava.
Eu acho esse mundo cruel demais com certos tipos de pessoa. Acho que a ignorância é uma benção e que pra viver bem nesse mundo só com a ignorância dos fúteis.
Quem já viu demais, quem já sentiu muita dor que não só a sua própria nunca mais vai conseguir essa felicidade cega e gratuita. Mas se conseguir aprender a conviver com isso, talvez entenda que fazer é o necessário, mas que não conseguirá resolver o problema todo. E se tudo der certo, conseguirá conquistar uma certa leveza para a própria vida e entender que talvez seja isso a felicidade.
Não sei se isso cabe pra você, acredito que sim. Te desejo o bem.

lili cheveux de feu disse...

Carol, que lindo tudo o que você escreveu.

Olha, eu estou aprendendo a conviver com muitas coisas. Mas tem horas que penso em largar tudo, tentar esquecer de tudo e simplesmente sofrer menos... Quem já viu muita dor além da sua própria, não só não consegue mais ser feliz da mesma forma que antes, não só sabe que o que faz com suas próprias mãos é um nada diante de um universo de coisas podres, mas pior que isso tudo, não consegue virar as costas e voltar para o antigo modo de vida. Me dá medo isso: é um caminho sem volta.
Às vezes eu queria, viu? Voltar no tempo e esquecer o dia que resolvi pensar e agir em sintonia com o amor que sempre senti... Eu não chorava todos os dias. Talvez eu pudesse continuar assim, sem chorar todos dias, até hoje. Mas seria muito egoísmo, até para mim, que sou um poço de egoísmo.

Um beijo e um abraço com muito carinho.