Ando triste. Tem horas na vida em que a gente percebe que algumas situações simplesmente não tem solução. Alguns relacionamentos não se consertam. E por melhores intenções que tenhamos, cada palavra dita, por mais pensada que seja, será mal interpretada - pior, será distorcida, vai ferir e um dia será devolvida com a carga de toda a amargura do mundo para nos ferir também. A gente olha e não consegue achar onde foi que a coisa desandou - há carinho, nada de particularmente grave aconteceu, nada de particularmente concreto. O monstro foi se formando a partir de coisas que acontecem em todos os grupos, eu acho, em todas as famílias - uma pequena ofensa, uma frase dita na hora errada, uma meia-verdade aqui, um silêncio inoportuno acolá... e aí os anos vão passando e quando a gente percebe as coisas chegaram ao ponto de não ter mesmo como serem resolvidas, a vida virou um emaranhado de equívocos, de mágoas, de agressões e de lacunas.
Deveria ser tranquilo isso - sim, há incompatibilidade, uma cordialidade pode ser mantida, tudo foi tentado, não temos como consertar tudo, não há como arrancar ressentimentos de ninguém à fórceps, não é minha culpa, genuinamente tudo o que fizemos foi com as melhores intenções. Só que não é assim - é difícil reconhecer a diferença entre aceitar uma situação sem solução e desistir dela. Por mais que racionalmente saibamos que não há mais nada a ser feito - ou que o que há a ser feito somente servirá para aprofundar ainda mais o fosso que já existe - a sensação de derrota, de estar desistindo, de jogar a toalha é terrível.
E eu sei que durante muitas e muitas madrugadas insones a pergunta irá ficar martelando na minha cabeça, o demônio interior irá esmagar o meu peito e a resposta não chegará nunca:
Como pudemos errar tanto assim, meudeus? Como chegamos a esse ponto? Será que eu fiz mesmo tudo o que eu deveria ter feito?
quinta-feira, novembro 29
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5 comentários:
Gente, e só pra que ninguém fique preocupado: eu e Cheri estamos ótimos, viu. As coisas entre nós vão perfeitamente bem!
Rose, te entendo perfeitamente. Passei/estou passando por uma situação parecida com uma amiga. É difícil aceitar que alguma coisa se quebrou e a nossa amizade nunca mais será a mesma.
Acho que vou te mandar um email! haha
Bjos, fica bem :)
Sei como é. Tenho uma notícia boa e outra ruim sobre este fato. Qual deseja primeiro?rs. A verdade é que esta angústia acerca da constatação recente passará.Logo não a incomodará tanto e vocês poderão, inclusive retomar a relação de maneira mais madura. Mas a ruim é que nunca mais parece ser do mesmo jeito, se, de fato, quebrou, não há conserto no mundo capaz de ser realmente eficiente...preferia não saber disto, mas...rs
Desistir de uma pessoa é que dá a sensação triste de fracassar. Quando esgotamos todas as possibilidades de conviver com carinho genuino (pq acabamos nos lembrando sempre que deve haver carinho, e isso tira o espontaneo...), inventamos um tipo de relacionamento que nao é aquele que queriamos, pq nos lembramos do amor do passado, do carinho genuino, da cumplicidade. E isso ,pra mim, acontece com meu ex marido,com minha irmã..as pessoas que por motivos diversos acabaram se afastando do meu convivio e ainda me dói muito, me faz pensar em laços frageis e em fracasso.
Nao sei como um ex marido se torna, para tanta gente, uma figura distante e desconhecida, deixando de ser o Fulano e passar a ser O Pai das Crianças.Queria ser uma pessoa moderna, mas meus sentimentos sao antigos e grudentos...
Vou assinar anonimo, dessa vez.
Beijo pra quem lamenta os frageis laços de cumplicidade...
Acho que so o tempo resolve. Estou nessa situacao e estou convencida que so o tempo me ajudara a entender.
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