Tenho que confessarque não li 50 tons de cinza. Não conseguiria. Li alguns trechos, uma sinopse, algumas críticas de pessoas sérias, opiniões de amigas que leram e, de verdade, fazia tempo que um "fenômeno" midiático não me assombrava tanto.
É sério que depois de décadas de evolução, de lutas por direitos e de mudanças de paradigmas, um livro como esse consegue causar esse "frisson" todo entre as mulheres e virar campeão de vendas pelo mundo afora?? Me dá uma tristeza - será que no fundo, realmente ainda somos assim?
Disfarçadas de moderninhas, liberadas sexualmente, continuamos sendo as velhas Cinderelas de sempre, apaixonadinhas por homens poderosos, ricaços e dominadores, é isso? O padrão ainda é o mesmo da mamãe e da vovó, apenas acrescido do fato que agora também queremos uma certa "pegada"??
Ok, não seria pra levar as coisas tão a sério, fantasia sexual é fantasia sexual, cada um tem a sua, e a escritora tem o direito de sonhar com o tipo de homem que quiser, e de escrever e publicar o que quiser... o que entristece é o entusiasmo de milhões de mulheres do mundo todo diante de tanto chauvinismo. O fetiche ideal então é um milionario desequilibrado que dá jóias de presente e oferece um mundo de luxo em troca de submissão sexual? Really?????????????????? Se Mr. Sádico fosse um assalariado, um homem qualquer, um pobretão, ou mesmo um trabalhador normal de classe média, será que ficaríamos tão empolgadinhas assim?
Fico deprimida, gente, é sério. Deprimida e com vontade de reler mil vezes a obra completa de Nelson Rodrigues. Ou qualquer coisa de Doris Lessing, Marguerite Duras, sei lá...
E aí, gente, alguém leu inteiro? Alguém gostou? Concordam comigo? Estou muito equivocada? O que vocês acham, heim?
quarta-feira, novembro 21
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13 comentários:
O meu gênero (feminino) sempre me envergonhou... Por isso, não estou chocada.
Sinto muito não só pelo papel secundário da mulher na história da humanidade. Sinto mais ainda por essa tentativa de se tornar igual (principalmente no cunho sexual) ao homem. Nunca seremos iguais e só teremos o igual valor entre os sexos quando entendermos isso.
Relaxa, Rose! :) É só um livro! :) Que atire a primeira pedra quem nunca se deliciou com as séries Júlia, Sabrina e Bianca nas bancas de revista dos anos 80! :) É a mesma porcaria! :) Para os meninos entenderem: é igual As Cartas do Fórum que saiam como encarte da revista Elle e Ella. :)
Bjos sua LINDA!
Bárbara, é assim mesmo que eu tento encarar, viu... tem horas que acho que estou ficando mesemo muito ranzinza... mas quando converso alguma amiga e a vejo suspirando por Christian Grey, imagiando qual o ator que vai representa-lo no cinema, faznedo olhinhos de adolescente sonhadora, a vontade que me dá é de dar uns sopapos na louca, viu :)
Beijos, Bárbara!!
seria apenas mais um inocente julia ou sabrina, se nao fosse uma nova modalidade literaria nascendo: literatura fan fic, e sei la porque (imagino que seja pelo alcance grandioso que apela pro simples,fácil, fantasioso),isso tem se tornado febre entre as donas de casa, que andam reescrevendo suas historinhas preferidas com toques de ousadia.
nao gosto, mas nao brado contra,apenas lamento que isso seja mais uma pá de cal no tumulo dos classicos.
Joceli
Vejo que tu não leste mesmo. Ele vem sendo dominador, mandando assinar contrato. mostrando todo o poder do dinheiro e tal. Sabe o que ela faz? Não assina contrato porra nenhuma, ele é obrigado a fazer sexo baunilha pela primeira vez na vida, dá o fora nele quando leva umas pancadas na bunda.
E ele corre tras dela apaixonado.
Tudo acaba saindo do jeito que ela quer.
Então não tem nada demais. É excitante, mas se não houvesse todo o romantismo, não teria agradado as mulheres.
E eu leio clássicos também!
nao, Jujuba, eu nao li, e jamais lerei, nem que minha vida dependa disso... pq é uma leitura que me entedia ate fazer sangrarem os ouvidos...rs
eu gosto de ler almanaque fontoura, seleções, gibis...gosto de uma leitura descompromissada e ingenua. mas nao a esse ponto de me achar poderosa pq uma dona de casa nao assinou um contrato de cunho sexual (alias, eu e centenas assinamos,nao explicito, contratos desse tipo. so nao fazemos disso novelinhas). e tbm nao concordo muito com a leitora anonima de cima, que pensa ser humilhante a condição feminina ou secundária.
sao relações humanas, e se os envolvidos se colocam em condições de autoridade ou submissao, é acordo pessoal deles.
o que essa leitura faz é isso: perceber qual o vazio que afeta determinado grupo de pessoas, e da-lhe uma amostra grátis de orgulho, sabedoria (cof,cof) e uma especia de auto estima, mesmo que seja por se recusar a usar um chicote com franjas de aço..
poxa, me deu saudades de anais nin, e eu nem gostava dela..
Joceli
Acompanho este blog fazem alguns anos e faz tempo que percebo que foi-se o tempo que isso era uma leitura agradável, descompromissada, humor saudável, daquelas que nos pegam com sorrisos no canto da boca.
Por deus, como voce consegue ser tão azeda? Tudo é crítica? Talvez os milhões de leitores do mundo todo que gastaram seu tempo lendo as 500 paginas do livro estejam errados, voce que está certa por criticar algo que apenas formou opinião através do que ouviu falar.
Aliás, se criticar o livro fosse um caso isolado até poderia ser uma questão de opinião, mas ultimamente este espaço mais parece um "reclame aqui".
Boa sorte aos que, diferente de nós, leitores, não tem a opção de deixarem de te seguir. Conviver com você deve ser um porre.
Eu só estou dizendo que as pessoas que não leram o livro falam em feminismo, chauvinismo, montes de ismo, como se fosse algo serio, importante.
É uma leitura erotica ao gosto feminino (os homens leem e acham uma bobagem), tipo Sabrina mesmo (que eu lia horrores).
Quem le e fica excitada, ótimo, tomara que tenha orgasmos como a anastasia (que teve um somente com caricias nos seios, e isso existe ai que inveja). Quem não le, é melhor nem dar opinião pois tem alto risco de falar besteira.
Eu acabei de ler A casa dos Budas Ditosos, estou lendo Anais Nin.
Confesso que 50 tons, em certas passagens, me excitou mais.
E o meu marido nem é rico, mas se eu deixar bem que quer arrancar o couro da minha bunda.
Gente, mas quem diz que o blog virou um "reclame aqui" eu acho que é justamente quem gosta de reclame aqui.
Passei os olhos pelos últimos posts desta primeira página e vi, na sequência: um post sobre amor, um post com link para fotos lindas, um post idiota meu (como muitos), um sobre cinema elogiando um filme, um sobre o caso da faxineira (utilidade pública), um com a indicação de uma música super animada, outro elogiando um bofe... enfim.
Será que não somos nós que sempre levamos nossa atenção para o que não gostamos?
Jujuba, tu sabe que eu te adoro né, mulé? Então, fiz questão de deixar claro que não li o livro e que todas as minhas reflexões foram sobre o que eu ouvi dizer, sobre o que foi escrito sobre ele, e sobre a reação de amigas bem próximas que leram. Tanto que em nenhum momento eu falei das qualidades literárias da obra (nem poderia, não tenho como opinar). Minha crítica foi mais à reação das pessoas mesmo - e de todo um fascínio que, me parece, vem sendo devotado a um personagem que representa tudo aquilo que deveríamos rechaçar...
Não achei que levantar uma reflexão aqui pudesse ser interpretado como reclamação, lamentação ou coisa que o valha... gosto de debates, reclamo quando vejo coisa errada, e gosto de compartilhar isso - não veria sentido em escrever em um blog se não pudesse levantar umas boas discussões de vez em quando.
Muita ranhetice minha tem uma carga bem grande de ironia, na verdade, e assim... achei que isso ficava mais evidente. Vou começar a me policiar pra não ficar amarga demais e pra não azedar o dia dos leitores... hehe.
Achei alguns comentários muito dramáticos, mas nem tanto o proprio post.
Ei, mana, tu vais ficar irritada com uma besteira dessas?
Comprei ontem a segunda parte...
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