sexta-feira, maio 18

Cheia de Charme

E eis que hoje conversei com Lou, que será minha assistente lá em casa a partir do dia primeiro de junho. Por várias razões, foi (e está sendo) uma decisão dificílima - chega a ser engraçado; o que para a maioria das famíilias é uma coisa trivial, na minha casa está ganhando contornos filosóficos. Na minha vida adulta vai ser a primeira vez que terei uma "empregada" fixa. Embora tenha sido criada no interior, bem naquele esquemão de arrumadeira, passadeira, jardineiro, funcionários que "faziam parte da família", não me sinto completamente confortável em pagar uma pessoa para fazer as coisas básicas da vida - arrumar a cama, limpar a própria sujeira, essas coisas. Acho anacrônico, e ainda tenho comigo a impressão de que há algo de profundamente errado em uma pessoa não ser capaz de cuidar da própria vida e da própria casa. Além disso, tem a questão salarial - tive hoje uma sensação profundamente paradoxal: por um lado, Lou felicíssima com a proposta que eu estava apresentando - vou pagar salário mínimo mais direitos, transporte, tudo certinho com carteira assinada, para que ela vá em casa de segunda à sexta, somente no período da tarde. Segundo ela é muito mais vantajoso do que pegar uma casa em período integral, e ela adorou o fato de poder passar as manhãs cuidando da própria casa e da filhinha de três anos. Por outro lado, intimamente tenho vontade de enfiar a cara no chão de vergonha ao pagar um salário mínimo brasileiro para uma pessoa trabalhar um mês inteirinho na minha casa. Se pudesse, pagava mais, mas não posso. Alguém poderia dizer que, se não posso pagar, não deveria ter empregada - mas a alegria de Lou ao receber a proposta me traz um certo alívio, uma sensação de que não estou explorando um ser humano. Outro problema vai ser ter que dispensar Mildred. Ela vai duas vezes por semana, está comigo há um tempão, mas o esquema não está mais funcionando. A casa não está ficando bem limpa, eu e Cheri chegamos sem forças pra pensar em cozinhar alguma coisa - acabamos indo comer na rua e com isso gastamos os tubos, comemos mal, estamos engordando, ficando doentes... a limpeza da casa também tem que ser feita com mais capricho, por conta das alergias dele, temos ficado cansadíssimos, cheios de pendências, com a casa bagunçada, ou seja - não está funcionando. Por mais que ache estranho, não estamos conseguindo manter o controle das coisas sem uma ajuda extra. Combinei com Lou uma boa aspirada diária na casa, deixar sempre uma saladinha preparada, uns legumes e um arrozinho sempre prontos na geladeira, roupa lavada e passada, e a cada dia, uma faxina mais caprichada em cada cômodo. Como vantagem adicional, ela estará lá fazendo companhia para os cães todas as tardes - vai ser tão bom pra eles. Nâo sei se estamos tomando a decisão certa, mas espero que a coisa funcione. E vocês, gente, o que acham? Algum de vocês tem empregada trabalhando em casa? Já teve? Conseguem manter uma relação legal com ela sem se transformarem em verdadeiras vacas? Alguma dica? Como vocês enxergam esse hábito tão brasileiro de "ter uma empregada em casa", heim? Queria saber, comentem aí!!

6 comentários:

Jujuba disse...

Eu tenho 3 filhos, trabalho e estudo. Então é impossível não ter empregada. A doida da minha empregada tem CINCO filhos. Essa precisa do salário. Eu pago salário minimo e tudo direitinho. Ela mora aqui perto, então é bom pra ela ficar de olho na prole dela. Eu também não sou tão rigorosa com horários, Se eu chego cedo ela sai mais cedo. Nunca tive problemas, mas não pode ser tão exigente assim. Às vezes eu tenho que dizer pra fazer algo como se fosse a primeira vez. E eu fico impressionada de como ela fica agradecida de receber no dia certo, sem qualquer atraso. Ela já levou muito calote por aí. Vamos fazer cinco anos "juntas". Acho que nós duas estamos ganhando.

Carolina disse...

Posso falar como quem esteve do outro lado, já que fui baba nos EUA: pague tudo o que é o certo, deixe-a à vontade e fale pra ela diretamente o que espera que seja feito, se perceber que não está sendo feito.
Não se mostre mesquinha. As famílias onde eu estive tinham comida "especial" para a empregada (achava feio demais) e em uma das casas eu era proibida de usar o papel higiênico, tinha que comprar o meu.
Sempre que for possível, libere mais cedo. Comigo, mesmo sem estar fazendo nada, mesmo sem o pai estar fazendo nada, eu tinha que ficar lá até dar meu horário. Já me deixava indisposta pro dia seguinte.
A situação é simple: quanto mais vc ficar fazendo questão de besteira, menos flexibilidade sua empregada terá. Seja amigável, mas lembre-se que a relação é profissional. Trate-a com respeito e boa sorte!

Jujuba disse...

Verdade, Carolina. Pra mim o que importa é ter uma pessoa de confiaça pra tomar conta da minha casa e dos meus filhos pra eu ficar tranquila. O resto é bobagem.

Rose Foncée disse...

Acho que esse nogócio de comida especial eu vou ter que providenciar pra ela, mas é pra mais, viu!! Porque assim, Cheri e eu pouquíssimo tempo dentro de casa, nunca tem leite, pãozinho, requeijão, essas coisas... a verdade é que por causa da paranóia das dietas, minha casa não costuma ter bolos, coisas pra beliscar, lanches, essas coisas... vou ter que providenciar. Jujuba, Carolina, obrigada pelas dicas e pelos relatos. Estou confiante de que teremos uma relação de confiança e cordialidade, espero que dê tudo certo. Beijos!!

Keila disse...

Oi,
Trate sua nova amiga, porque é isso que ela será, cuidará da sua casa por voce e aprenderá a amá-la. Mas não deixe que ela adivinhe as coisas voce ainda deve ser a administradora geral da casa, diga o que pensa e o que num está gostando, no meu ver é o segredo pra dar certo, porque relacionamento entre pessoas é engraçado, então não tente adivinhar e nem obrigue a Lou a fazê-lo também. Boa sorte!

Anônimo disse...

Tive péssimas empregadas quando os filhos eram pequenos. Uma delas colocava as crianças pra fora de casa para q elas não bagunçassem enquanto eu estava trabalhando e aquela casa estava sempre impecável. Alem de pagar bem, sempre presenteava, puxava o saco mesmo para que fossem boas com as crianças. Só me ralei, fui roubada algumas vezes e as crianças aprenderam palavrões q até Deus duvida. Então, apoio integralmente o q foi sugerido nos coments: seja profissional tb, como ela, e tudo dará certo. Não faça como eu. Abraço, boa sorte.