E então estava eu hoje, 07h30 da manhã, fazendo as comprinhas emergenciais da semana no supermercado, praticamente deserto. Em pleno corredor de produtos de limpeza, começo a ouvir alguém cantando o Clube da Esquina - porque se chamava moço, também se chamava estrada, viagem de ventania,...,...,..., nem lembra se olhou pra trás ao primeiro passo, asso, asso, asso, asso... - era o funcionário que fazia a reposição de produtos, trabalhando, abastecendo a preteleira de frascos de água sanitária.
Primeira reação - nossa, que coisa incrível! Um rapaz tão simples, repositor de produtos em supermercado de bairro, cantando Flávio Venturini! O esperado seria um "ai se eu te pego" da vida, não é mesmo?!!
E logo em seguida a constatação - como somos preconceituosos e nem percebemos!! Qual é o espanto por um rapaz simples gostar de música boa? Porque trabalha no supermercado, tem, necessariamente, que só gostar de funk?? A gente, afinal, cataloga as pessoas até pelo tipo de música que gostam, pelo tipo de produto cultural que consomem??!!! Me senti simplesmente ridícula pelo meu espanto inicial, ri-dí-cu-la - e fui embora pensando em como somos preconceituosos; em como o preconceito se esconde dentro da gente e aflora em situações assim, sem que a gente nem perceba... e no caminho pra casa, estava eu cantarolando também - e o rio de asfalto e gente, entorna pelas ladeiras, entope o meio fio. Esquina mais de um milhão, quero ver então a gente, gente, gente, gente, gente, gente, gente...
segunda-feira, fevereiro 6
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5 comentários:
ainda mais vindo de uma pessoa com a mesma origem, não?
É muito bom podermos sempre nos questionarmos.
Infelizmente eu pratico deste preconceito também. Mas isto é só por generalizarmos as coisas em demasia. Não que não seja um erro.
Já me peguei fazendo o mesmo em diversas ocasiões.
eu tenho um colega que é mulato e foi comigo para Nashville. Ele foi parado em TODAS as barreiras. E o mais incrível, ele estava voltando só com uma mochila e nada mais...pararam ele na alfândega. Estávamos os 3 colegas juntos, inclusive um que estava com 2 malas, dois volumes de mão e uma tela nova de computador. Ele passou na fila do nada a declarar. O outro foi pra inspeção...
adelaide, que absurdo! isso merecia um processo!
rose, a gente faz isso mesmo, mas o mais importante foi você ter se observado, analisado a situação e percebido que rolou uma coisa meio "errada" aí, não acha? sinal de que, apesar de toda a nossa herança cultural e do nosso mau hábito estarem muito ativos nos seus primeiros julgamentos, você não está se perdendo neles... parabéns!
Essa falsa visão do que é certo faz as pessoas terem todos os tipos de preconceitos.
Isso sinto na pele nos três primeiros meses do ano, quando assino o BBB, da vontade de rir de tantas bobagens que os pseudo-intelectuais forjados na bobagem escrevem, principalmente no face.
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