terça-feira, fevereiro 15

Faut-il pleurer, faut-il en rire. Fait-elle envie ou bien pitié. Je n'ai pas le coeur à le dire...

Diferenças culturais e religião sempre levam a discussões acaloradas, trazem argumentos equivocados e fazem aflorar preconceitos que, muitas vezes, nós nem sempre percebemos que temos.

Quando eu vi o vídeo aí embaixo, de um grupo de religiosas de Angola, minha primeira reação foi dar aquele sorrisinho-de-desdém-de-quem-se-acha-culturalmente-superior. É um prato cheio! Mulheres africanas, louvando valores que nós já deixamos de lado há pelo menos meio século. Perfeito para transformarmos em motivo de chacota e para extravasarmos todo nosso preconceito enjaulado contra os mais simples, contra os crédulos, contra os beatos, e sei mais contra que categoria de pessoas...

Entretanto, um vídeo desses nos diz muito mais. Será que devemos além de achar graça, sentir pena dessas mulheres, por ainda não terem superado toda a canalhice machista que valoriza as mulheres pelo tipo de roupa, pelo comprimento da saia, pelo tipo de comportamento previamente julgado adequado? Será que devemos sentir raiva, por estarem elas propagando esses valores, colaborando para que uma nação permaneça no atraso, no obscurantismo? Talvez uma pontinha de inveja, lá no fundo, por sabermos que não somos mais capazes de ter crenças tão firmes, nem convicções tão arraigadas em nada? Tristeza, por perceber que, conquistamos tanto, e ainda somos tão desiguais, e que ainda há tanta gente que vive no obscurantismo?

O que pensariam essas mulheres de mim? Qual o juízo que fariam? Com o que sonham quando se deitam à noite? Do alto de suas crenças, de seus medos, de suas certezas e de seus julgamentos, serão elas mais felizes do que nós? Carregam elas as dores, as dúvidas, as afilções de todas nós? Toda essa alegria e ingenuidade que elas deixam transparecer, serão genuínas? Acreditam elas realmente no que estão cantando? Se você pudesse se sentar ao lado delas por uns momentos... sobre o que conversariam?

E você, o que sente? Acha graça? Sente pena? Raiva? Uma pontinha de tristeza, talvez, vontade de chorar um pouquinho? Um pouco de tudo junto?

Você conseguiria dizer?

Um comentário:

JMJr disse...

Rose mon cherie, belo texto (e olha q não consigo assistir o vídeo)...

Lyli, agora que a casa está com essa gêmea perdida da Rose criada e educada em colégios suíços, você pode, pelamordedeus, providenciar um link do Google Translate aí em cima para que nós seres non-glamour possamos entender mais os galicismos chikérrimos q ela usa como se estivesse pedindo um quilo de linguiça no açougue da esquina?

XOXO